Ilusão seria eu não tentar mais uma vez voltar a escrever. O que tanto tenho a falar que não cabe mais nos meus diários, notebooks, post-its e afins. Saudades da época da escola em que eu tinha a oportunidade de escrever uma redação e alguém importante, no caso o professor, iria ler e ter que se importar com o que eu escrevi pra poder corrigir e me dar um feedback e uma nota, de preferência acima de 8,0, pra eu me sentir importante e saciada. Alguém tinha sido obrigado a “engolir” um pouco do que eu tinha a dizer.
O bom filho a casa torna e eu me sinto em casa escrevendo, mesmo que errado, falando, mesmo que falando merda. O importante é compartilhar nessa era virtual onde tudo é compartilhado e nada recebido. Fotos são compartilhadas em trocas de likes mas e a real empatia? Acompanha? Isso é uma ilusão. Expectativa em ser aceito. Essa expectativa em mostrar a melhor versão de si que prevalece e é vomitada em forma de auto elogios. A pessoa tem a certeza absoluta que sabe mais, que produz mais, que é a mais indispensável e estando tão ocupada em fabricar essas certezas numa cabeça desequilibrada que não tem tempo pra enxergar que o mundo a sua volta está a todo momento apenas assistindo a esses devaneios como quem assiste o personagem mais burro da novela esperando a hora em que ele irá desmoronar. Ninguém recebeu com empatia essas certezas. Quão iludida e perdida no mundo em que tudo se deprecia deve ser essa cabeça?
Expectativa traduzida em ilusão. Talvez seja para o melhor… Crie unicórnios mas não crie expectativas como diz o ditado moderno. Ou, não crie expectativas esperando algo de alguém e crie sua própria ilusão, uma realidade mentirosa em que só você que acredita em você. Já seria alguma coisa, não? Talvez devêssemos ter nascido com um espelho que nos mostrasse a todo momento nossa verdadeira face. Não, espera! O nome disso não é consciência?
Ilusão seria achar que consegui expressar algo e ter a certeza de que alguém engoliu.
Até a próxima.
Do Outro Lado 